- Indicado para (salas numerosas) com mais de 20 alunos
- Público alvo: Alunos do 1º, 2º e 3º ano do ensino fundamental I
- Duração: 1 semestre
Mas, o que é uma Classe Indisciplinada?
Para iniciarmos uma reflexão sobre essas questões, vamos destacar o que significa a palavra indisciplina a partir de algumas definições quanto ao termo.
Indisciplina – procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência, desordem, rebelião. (Dicionário Aurélio).
De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a disciplina é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina, nos lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental importância para o seu funcionamento pleno e que, conseqüentemente, a indisciplina representa a ameaça pela desobediência às regras estabelecidas. Por isso Dubet ressalta a necessidade dos professores relembrarem as regras e estimularem o seu cumprimento no decorrer do ano letivo.
Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade.”
Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma preocupação de muitas épocas como vemos em textos de Platão e nas confissões de Santo Agostinho, de como a sua vida de professor era amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”.
Diante dessa ideia de Júlio Groppa, não podemos deixar de lembrar-se da forma como as escolas até os anos 1960, conseguiam fazer com que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta de forma autoritária, com ameaças e castigos.
Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se posicionar utilizando-se de questionamentos e reflexões. Os professores eram considerados modelos e, em virtude do conhecimento que possuíam, agiam como donos do saber.
“A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (Freire, 1998) por isso passa a ser chamada de “educação bancária”. Segundo a educadora Rosana Ap. Argento Ribeiro, “a educação bancária é classificada também como domesticadora, porque leva o aluno a memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no processo educativo, tornando-o submisso perante as ações opressoras de uma sociedade excludente. O papel da disciplina na educação bancária é fundamental para o sucesso da aprendizagem do aluno. Nela, a obediência e o silêncio dos alunos são aspectos importantes para garantir que os conteúdos sejam transmitidos pelos professores”.
Atualmente, nos primeiros anos do século XXI, estamos vivendo num outro contexto. Influenciados por mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais, professores e alunos, e mesmo a própria instituição escolar, assumem um papel diferente na sociedade. Nessa nova realidade a educação bancária já não deveria ser aplicada dentro das escolas.
Acredita-se hoje que os professores devem estar mais preocupados com seu aperfeiçoamento, permitindo que seus alunos questionem, tirem suas dúvidas, se posicionem. Enquanto os alunos, por sua vez, têm mais acesso à informação, se consideram livres para questionar, criar e participar. Outro aspecto importante quanto à educação no 3° milênio refere-se ao fato de que a instituição escolar deveria estar mais aberta para a participação dos pais e da comunidade em suas atividades e mesmo, nas propostas curriculares.
O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos não podemos deixar de falar de respeito. Segundo Tardeli (2003), o tema respeito está centralizado na moralidade. Isso quer dizer que cada pessoa tem, junto com sua vida intelectual, afetiva, religiosa ou fantasiosa, uma vida moral. E o primeiro a atribuir um significado a moralização e inserir no conceito de ética foi o filósofo Demócrito.
Sabemos que atualmente o papel do professor dentro da escola é muito mais abrangente, pois ele precisa estar atento às capacidades cognitivas, físicas, afetivas, éticas e para preparação do educando para o exercício de uma cidadania ativa e pensante.
Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o respeito em saber ouvir e entender nossos alunos, mostrando a eles nossa preocupação com suas opiniões e com suas atitudes e o nosso interesse em poder dar a assistência necessária ao aperfeiçoamento do seu processo de aprendizagem.
É também compromisso do educador se preocupar com a disciplina e a responsabilidade de seus alunos. Para Piaget (1996), “o respeito constitui o sentimento fundamental que possibilita a aquisição das noções morais”. Conseguimos atingir a responsabilidade, desenvolvendo a cooperação, a solidariedade, o comprometimento com o grupo, criando contratos e regras claras e que precisarão ser cumpridas com justiça.
O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos, tendo maior compromisso com seu projeto pedagógico e as questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira com seus educandos. Sob uma visão Piagetiana, o professor que na sala de aula dialoga com seu aluno, busca decisões conjuntas por meio da cooperação, para que haja um aprendizado através de contratos, que honra com sua palavra e promove relações de reciprocidade, sendo respeitoso com seus alunos, obtendo dessa forma um melhor aproveitamento escolar.
Segundo Tardeli (2003), “Só se estabelece um encontro significativo quando o mestre incorpora o real sentido de sua função, que é orientar e ensinar o caminho para o conhecimento, amparado pela relação de cooperação e respeito mútuos”.
Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
Não podemos deixar de ter como foco em nosso trabalho o SER HUMANO. Precisamos valorizar as pessoas. Uma frase de Walt Disney ilustra bem essa ideia: “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário TER PESSOAS para transformar seu sonho em realidade”. Estamos envolvidos com pessoas em nosso dia a dia: alunos, professores, pais, coordenadores, orientadores e diretores e, por isso, precisamos aprender a trabalhar em equipe para obter uma instituição forte, competente e coesa. A qualidade é obtida através do esforço de todos os seus integrantes, onde cada profissional é importante e cada aluno também. A escola é uma organização humana em que as pessoas somam esforços para um propósito educativo comum.
Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado
PROJETO: Comportamento x matemática
(Autora Any Nogueira 2010)
“Se comportando bem todos aprendem bem e ganha também”
Justificativa:
Um ambiente sem regras e limites é um ambiente problemático e estressante tanto para o professor quanto para os alunos. Para buscar a melhoria desse ambiente é preciso estimular o aluno com métodos que agucem a vontade de melhorar e colaborar com as regras de forma prazerosa...
Melhorar o comportamento dos alunos e ao mesmo tempo ensinar matemática.
Objetivo especifico:
Fazer com que os alunos reconheçam o que é, e o que pode proporcionar um ambiente organizado.
Trazer estabilidade e responsabilidade a cada aluno
Erradicar a poluição sonora
Diminuir a violência e o Bullying dentro da sala de aula
Proporcionar uma aula agradável tanto para o aluno como para o professor
Fazer com que os alunos se respeitem e respeitem o professor
Fazer com que os alunos consigam prestar atenção no que esta sendo ensinado
Fazer com que os alunos entendam que as regras e os limites são necessários e podem lhe trazer benefícios
Produto final: Mercadinho
Material e método:
O professor elabora um cartaz com as regras que os alunos devem seguir e colar na parede da sala.
Descrever cada regra para os alunos, explicando o porquê ele deve seguir aquelas regras.
Elaborar uma ficha de carimbos para cada aluno e outro para o controle do professor
Explique para os alunos como vai funcionar o projeto, como na descrição abaixo:
O professor ao final da aula poderá carimbar dois carimbos ou dar duas assinaturas em uma ficha de controle, um pelo comportamento, e outro por ter feito as lições de sala. Exemplo: se o aluno se comportou como pede as regras do cartaz, ele ganhará um carimbo, se ele realizou as atividades da sala, mesmo que não termine dentro do tempo estipulado, ele deve ganhar outro carimbo. Isso porque tem crianças que são comportadas, mas, não fazem lição, e tem criança que consegue fazer rapidamente toda a lição e ao mesmo tempo fazer muita bagunça...
Cada carimbo vale 0,05 centavos, sendo assim o aluno poderá ganhar 0,10 centavos por dia em notas de mentirinha, toda vez que o aluno atingir 0,50 centavos em notas de 0,5 centavos, ele troca por uma única nota de 0,50 centavos, quando tiver duas notas de 0,50 centavos ele trocará por uma nota de 1,00 e assim sucessivamente. Quando o aluno atingir 4,00 reais ele chegou ao numero Máximo de notas, então ele poderá fazer compra no mercadinho de pequenos objetos que criança gosta.
O aluno só poderá comprar alguma coisa quando consegui atingir o valor de 4,00 reais.
O professor deverá organizar o seu tempo para as trocas de dinheiro e o dia do mercadinho dentro da aula de matemática, não é necessário fazer essas trocas todos os dias cabendo ao professor organizar de acordo com a rotina semanal do plano de aula.
No decorrer da execução da proposta, devem ser observados, quais os pontos positivos, e quais os pontos negativos do projeto, procurando sempre fazer uma intervenção metodológica se a caso necessário.
Atenção:
É importante esclarecer aos pais o objetivo dessa proposta e pedir colaboração para orientar seus filhos em casa.
Faça um cartaz com as regras Básicas de Comportamento que os alunos deverão cumprir na sala de aula valendo ponto.
- Entrar na sala sem gritar.
- Sentar-se sem arrastar cadeiras ou outro material.
- Esperar pela sua vez.
- Falar um de cada vez.
- Estar atento.
- Respeitar o professor e os colegas.
- Não falar junto com o professor
- Não conversar quando o professor estiver falando, lendo ou explicando atividades
- Não correr na sala de aula
- Não fazer fofocas do amigo
- Não colocar apelidos nos colegas
- Não pegar objetos dos colegas sem permissão
- Não brigar dentro da sala e da escola
- Não conversar alto
- Não brincar quando tiver atividades a serem cumpridas
- Prestar atenção na leitura e explicação do professor
- Não falar palavrão
- Fazer ou tentar fazer as atividades de sala de aula
- Não sair da sala sem comunicar o professor
- Não rabiscar a carteira
- Não jogar lixo no chão...
Sugestão: Compartilhe o projeto com os pais dos alunos, para que o mesmo se empenhe em acompanhar seus filhos nesse projeto. (Escreva para os pais qual é a intenção do projeto)
Exemplo:
Papai e mamãe!
Esta proposta tem a intenção de melhorar a vida de seu filho na escola, gostaria que vocês por gentileza! Fizessem uma leitura da proposta, e depois oriente seu filho (a), em relação às regrar proposta nesse projeto. Se o mesmo não te agrada gostaria de obter a sua justificativa, pela não aceitação da proposta e uma sugestão de alternativa para melhorar o comportamento em sala de aula, a sua opinião é importante, pois se trata da vida de seu filho e de outras crianças.
Aguardem mais projetos. Beijos